Quanto custa criar um filho até os 18 anos?

Essa é a manchete de uma reportagem que a CNN publicou em 25/02/23, trazendo um estudo feito pelo Insper a pedido do Estadão e mostra os gastos que os pais têm com seus filhos desde o nascimento até os 18 anos.

O estudo é de 2014 e mostra uma estimativa de gastos por classe social:

  • Classe C (aquelas com renda familiar mensal de R$5.281 até R$13,2 mil) o gasto estimado varia entre R$480 mil e R$1,2 milhão.

  • Classe B (entre R $13.201 e R $26,4 mil de renda mensal), o gasto vai de R$1,2 milhão até R$2,4 milhões. 

  • Classe A (renda mensal superior a R$26,4 mil) parte de R$3,6 milhões e continua a subir em função da renda familiar.

Criar um filho é gasto ou investimento?

Sim, o gasto é elevado. Mas eu gostaria de colocar algumas reflexões em relação a isso:

A primeira delas é: falamos em gasto ou investimento?

Colocada dessa maneira, ter um filho parece ser um fardo na vida do pai e da mãe. Como adultos da relação, temos como obrigação arcar com as consequências de nossos atos e dar a eles as condições básicas para seu crescimento e desenvolvimento.

Sendo assim, cabe a nós definirmos o que podemos ou não dar aos nossos filhos e não mostrar a eles o quanto ter um filho é oneroso.

Ainda dentro desse primeiro item, eu acredito que podemos colocar esses valores como investimento, se pudermos aproveitar tudo aquilo que nossos filhos nos trazem de conhecimento, de aprendizado, de mudança de vida e de experiência.

Para refletir:

Se uma agência de viagem vende seu pacote como investimento, por que não falar que filhos também são investimentos?

Onde escolhemos gastar o dinheiro?

O outro ponto é: quais são esses gastos? Eles realmente são necessários? Ou melhor, estamos colocando o dinheiro naquilo que a criança realmente precisa ou no que queremos?

E aqui cabe uma reflexão sobre a parentalidade e as nossas tomadas de decisão em relação a como criar nossos filhos. 

Aprendemos a ser mães na prática, no dia-a-dia, nas dificuldades desta nova função. Poucas de nós estuda ou lê a respeito da maternidade. Muitas das decisões são feitas com base no que temos à mão – na grande maioria das vezes se decide pela falta de opção e vai como dá.

Sim, eu sei que é corrido! Existe uma logística intensa para criar um filho, mas será que estamos colocando nosso dinheiro naquilo que a criança precisa?

Para refletir:

Vou confessar: Eu já comprei um tênis muito caro para o meu filho. Somente quando as parcelas do cartão começaram a chegar é que eu fui refletir sobre o valor do tênis que eu comprei para uma criança. Todos nós sabemos que tênis para criança tem validade curta: ou eles perdem ou ficam pequenos.

No fundo, eu percebi que tinha comprado aquele tênis para Tarsila criança (eu!), que sempre usava os tênis mais baratos ou aqueles que eram herdados das minhas primas mais velhas.

Os “gastos” excepcionais com os filhos. De quem é a culpa?

Que atire a primeira pedra quem nunca falou para o filho: você está cheio de brinquedo e não brinca com nada. A pergunta que eu faço é: por que ele está cheio de brinquedo? Quem deu todos esses brinquedos a ele? E o ponto mais interessante, a meu ver, é: será que os “gastos” excepcionais com os filhos são criados por nós mesmos?

Veja um exemplo clássico que muitas mães enfrentam e reflita: o dilema da amamentação com fórmula.

Qual o valor de uma lata de leite em pó e o valor de uma consultora em amamentação? Ao longo prazo, qual opção será a mais em conta e mais saudável? Muitas mães não param para pensar no que está por trás da chupeta do bebê. 

Qual o “custo” de oferecer uma chupeta para o seu filho para acalmá-lo? 

Ele pode ter confusão de bico e largar o peito da mãe. Parando de mamar no peito da mãe, ele passará a tomar o leite em pó.

Porque o leite artificial não é a melhor opção para o bebê:

  • O leite artificial não traz imunidade como o leite materno;

  • O leite artificial aumenta a chance de o bebê ficar doente;

  • A sucção na mamadeira não é completa como a sucção no peito. Isso impacta os músculos do rosto que podem atrapalhar a introdução alimentar.

"No desespero fazemos o que conseguimos e tudo bem." – Tarsila.

Precisamos falar mais e mais que se a criança não se alimenta direito, há mais chance de gastos médicos e com remédios. E possivelmente, um desenvolvimento de obesidade infantil, que causará prejuízos para a criança.

Claro que o caso que eu coloquei aqui é extremo e, independentemente de qualquer coisa, a criança vai fatalmente ficar doente e ter que comprar remédio. Mas é preciso repensar os gastos com os filhos e voltar para o básico.

Tudo bem que o básico também está bem caro – mas esse é o tema para o próximo texto que vai falar sobre educação (e é tema desse estudo do Insper).

Aguardem!  

Eu sou a Tarsila, idealizadora e CEO da Cy Assist. E quero compartilhar com você minha história. Com certeza temos muitas afinidades e dores nesta jornada intensa que é a maternidade.

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