Empatia importa? 

"É preciso que a escola ensine mais sobre empatia", foi isto o que uma mãe disse no grupo de whatsapp da sala do meu filho logo após expor o nome de duas alunas que tinham feito bullying com a filha dela. 

A primeira vez que ouvi a palavra empatia foi de um gestor. Estávamos no processo de entrevistas para montar uma uma central de venda por telefone. “O que é empatia?” Essa era uma das perguntas. Algumas pessoas respondiam e a grande maioria não. 

Mas saber o que é empatia e ter empatia são coisas muito diferentes. 

O que é empatia

Capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende etc.

Ultimamente esta palavra foi sendo cada vez mais usada – talvez por uma luta maior contra o preconceito ou talvez por eu estar ficando velha mesmo. Não sei!

O que eu sei é que, ao longo deste tempo, tentando ser empática e observando se alguém era empático, a minha percepção foi se ampliando. Hoje, não acho válida a luta para que as pessoas tenham empatia uma pela outra. 

Calma... eu não virei uma pessoa que não se importa. 

Ao observar a individualidade de cada pessoa, ao enxergar as minhas sombras e ter que lidar com cada uma delas, ao conviver e ter que educar diariamente meus dois filhos, percebi que ter empatia é muuuito difícil. Eu diria que é quase impossível, pois nunca sabemos totalmente a história do outro.

Papo de terapia - O passado de cada um

Mesmo convivendo por muito tempo com as pessoas não conhecemos a sua infância, o que a machuca, qual a relação que ela tem com seu corpo, com o marido/esposa, com o sexo... Enfim, tudo aquilo que nos machuca nós tentamos acobertar e esconder do próximo. E se o outro não sabe, como exigir que ele se coloque em outro lugar?

Muitas vezes, passamos tempos na terapia para perceber e tratar algum ponto em nós. Como podemos pedir que o outro adivinhe o que nos aflinge e se comporte de maneira a não nos ferir?

A gente pode ter crescido na mesma família, ter vivenciado os mesmos Natais, ter tido o mesmo pai e a mesma mãe… cada situação pode ter gerado uma marca e uma memória em cada um de nós. 

Mais respeito e menos empatia

Sabe aquela mãe que citei no começo do texto?! Então... ela foi empática. Logo após expor o nome da criança e ser solicitada a apagar o que tinha escrito, ela disse não estar arrependida do que tinha feito. Afinal ela entende que quando se comete erros é preciso assumi-los e não ter vergonha. Ao expor o nome das crianças ela estava fazendo aquilo que não se importava que alguém fizesse com ela ou com a filha dela. 

E aí é que entra a dificuldade que eu tanto falo. Para mim, é óbvio que eu não gostaria que o nome do meu filho fosse exposto, mas para ela não. Ela não ligaria se o nome da filha dela estivesse lá no grupo. Ambas somos mães, filhos estudam no mesmo colégio – e isso pode levar a crer que existem mais semelhanças entre nós duas, mas a percepção sobre aquela situação é completamente diferente. 

Transitar pela nossa própria história é muito difícil. Transitar na história do outro é quase impossível. O que acho plausível hoje, nas relação, é o respeito. 


Na dúvida:

não fale, não exponha e não critique. 

Respeite. Cada um tem a sua História.

Respeite. Cada um tem o seu percurso. 

Respeite o espaço do outro e exija que o seu seja respeitado.

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